A adoção da nuvem deixou de ser uma tendência e se tornou uma necessidade estratégica para empresas que buscam escalabilidade, redução de custos e maior agilidade nos negócios. Dados da Gartner indicam que até 2028, 85% das organizações operarão seguindo uma estratégia cloud-first, evidenciando que a migração para a nuvem é um movimento global e irreversível.
No entanto, apesar dos benefícios claros, o processo de migração exige planejamento, análise de riscos e uma execução bem estruturada. Uma abordagem equivocada pode gerar desde interrupções nas operações até aumento dos custos e falhas de segurança.
Neste artigo, você vai entender o que é migração para a nuvem, os sinais de que é o momento certo para essa mudança, como conduzir esse processo com segurança e eficiência, além de conhecer os principais erros que devem ser evitados.
O que significa migração para a nuvem
Antes de qualquer passo prático, é essencial compreender o conceito de migração para a nuvem, seus modelos e o impacto que ela gera na operação das empresas.
Entendendo o conceito de migração
A migração para a nuvem é o processo de transferir dados, sistemas, aplicações e workloads de um ambiente local (on-premises) para uma infraestrutura baseada em nuvem. Isso permite que as empresas operem seus sistemas utilizando os recursos de servidores externos, otimizando escalabilidade, segurança e disponibilidade.
Essa transição pode ocorrer de diferentes formas, dependendo da necessidade da organização:
- Lift and shift: Migração direta sem alterações na aplicação.
- Refatoração: Modificações no código para aproveitar os benefícios da nuvem.
- Replataforma: Pequenas adaptações na infraestrutura da aplicação.
- Recompra: Substituição de softwares locais por soluções SaaS.
- Retirada: Descontinuação de sistemas obsoletos.
Tipos de nuvem disponíveis
Ao planejar a migração, é importante entender os modelos de nuvem:
- Nuvem pública: Infraestrutura compartilhada entre várias empresas, oferecida por provedores como AWS, Google Cloud e Azure.
- Nuvem privada: Infraestrutura dedicada, hospedada internamente ou por terceiros.
- Nuvem híbrida: Combinação da nuvem pública, privada e, eventualmente, datacenters locais.
Cada modelo atende diferentes requisitos de segurança, compliance, custo e performance.
Leia também: Flutter x React Native x Xamarin: qual é a melhor plataforma para desenvolvimento mobile?
Quando considerar uma migração para a nuvem
Migrar para a nuvem não é uma decisão que deve ser tomada de forma impulsiva. Existem sinais claros que indicam quando esse é o momento certo para sua empresa.
Crescimento e necessidade de escalabilidade
Se sua empresa está crescendo e precisa de mais recursos tecnológicos para suportar essa expansão, a nuvem oferece escalabilidade imediata, sem investimentos pesados em infraestrutura física.
Busca por redução de custos operacionais
Manter servidores próprios exige altos custos com manutenção, energia, segurança e pessoal. A nuvem permite um modelo de pagamento sob demanda, onde você paga apenas pelo que utiliza, tornando os custos mais previsíveis e otimizados.
Agilidade e foco na inovação
Negócios que precisam lançar novos produtos digitais, escalar serviços rapidamente ou incorporar tecnologias como inteligência artificial, automação e big data, encontram na nuvem o ambiente ideal para desenvolvimento ágil e inovação constante.
Atendimento às exigências de segurança e compliance
Empresas que precisam garantir conformidade com normas como LGPD, GDPR e ISO 27001 podem encontrar na nuvem ferramentas avançadas de segurança, backup automático, criptografia e controle de acessos, muitas vezes superiores aos datacenters locais.
Modernização de sistemas legados
Sistemas antigos são caros, de difícil manutenção e limitam a integração com novas soluções digitais. A migração oferece a oportunidade de modernizar esses sistemas, tornando-os mais eficientes, seguros e preparados para o futuro.
Leia mais: Modernização de software legado: por que fazer e principais etapas do processo
Como fazer migração para a nuvem em 5 etapas
A migração bem-sucedida exige uma metodologia estruturada. Não se trata apenas de mover arquivos, mas de garantir que os serviços continuem funcionando com segurança, performance e escalabilidade.
1. Avaliação e planejamento estratégico
O primeiro passo é realizar um levantamento detalhado do ambiente atual. Isso inclui:
- Mapeamento de aplicações e workloads: Quais sistemas serão migrados, quais devem permanecer locais e quais podem ser descontinuados.
- Análise de dependências: Entender como os sistemas se conectam e quais mudanças são necessárias.
- Definição da estratégia de migração: Escolher entre lift and shift, refatoração, replataforma ou outros modelos, considerando tempo, custos e objetivos.
- Escolha do modelo de nuvem: Pública, privada ou híbrida, com base nas necessidades específicas do negócio.
2. Seleção do provedor de nuvem adequado
Escolher o provedor certo é uma decisão estratégica. Avalie fatores como:
- Portfólio de serviços: IA, machine learning, bancos de dados, segurança, monitoramento.
- Modelo de preços: Verifique custos fixos, variáveis e custos ocultos.
- Compliance e localização dos datacenters: Para atender regulamentações específicas.
- Suporte técnico: Níveis de SLA, suporte 24/7 e canais de atendimento.
3. Preparação da infraestrutura
Antes da migração efetiva, é necessário preparar tanto o ambiente local quanto o da nuvem:
- Configuração de redes seguras: VPNs, conexões dedicadas como AWS Direct Connect ou Azure ExpressRoute.
- Gestão de identidades e acessos: Implementação de políticas de segurança, autenticação multifator e controle de permissões.
- Política de backup e disaster recovery: Garantir que existam backups atualizados e planos de contingência.
4. Execução da migração
Com tudo preparado, a migração deve ser feita de forma controlada:
- Ambiente de testes: Realize migração inicial em ambientes de desenvolvimento ou testes para validar processos.
- Migração em ondas: Comece pelos sistemas menos críticos, validando cada etapa antes de avançar para sistemas essenciais.
- Sincronização de dados: Utilize ferramentas como AWS DMS, Azure Database Migration Service ou Google Cloud Transfer Appliance para garantir integridade dos dados.
- Validação pós-migração: Teste performance, funcionamento das aplicações e integridade dos dados antes de desativar os sistemas locais.
5. Otimização e monitoramento contínuos
Após a migração, o trabalho não acaba. É preciso:
- Ajustar recursos: Adequar o consumo para evitar custos desnecessários.
- Implementar monitoramento ativo: Acompanhar performance, segurança e disponibilidade utilizando ferramentas como AWS CloudWatch, Azure Monitor ou Google Operations Suite.
- Revisão periódica: Avaliar se os recursos estão sendo usados de forma eficiente e ajustar conforme a demanda.
Leia também: DevSecOps: o que é, função, local de atuação e 6 vantagens para conhecer (GUIA)
Erros a evitar em uma migração para a nuvem
Mesmo com planejamento, alguns erros são comuns e podem comprometer os benefícios esperados.
Planejar de forma insuficiente
Um dos maiores erros é subestimar a complexidade da migração. Sem uma avaliação completa, podem ocorrer falhas, downtime prolongado e custos inesperados.
Ignorar dependências entre sistemas
Migrar aplicações isoladamente, sem considerar suas integrações e dependências, pode causar falhas operacionais, perda de dados ou quebra de funcionalidades.
Escolher o modelo de nuvem inadequado
Adotar uma nuvem pública quando o negócio exige maior controle de dados, ou escolher uma nuvem privada quando não há demanda real, pode gerar desperdícios ou até problemas de compliance.
Negligenciar práticas de segurança
Muitos acreditam que a segurança é responsabilidade total do provedor. Na verdade, o modelo de responsabilidade compartilhada exige que a empresa configure corretamente:
- Permissões de acesso
- Criptografia dos dados
- Firewalls, WAF e monitoramento de ameaças
- Políticas de backup e recuperação
Falta de capacitação da equipe
A nuvem exige uma mudança cultural e técnica. Equipes que não passam por treinamentos adequados cometem erros que impactam diretamente segurança, performance e custos.
Não gerenciar custos de forma eficiente
A facilidade de escalar recursos na nuvem também pode gerar desperdícios. Serviços ociosos, instâncias ligadas sem necessidade e armazenamento não monitorado são causas comuns de aumento desnecessário dos custos.
Preparar hoje é garantir competitividade amanhã
A migração para a nuvem é mais do que uma atualização tecnológica — é uma transformação que permite às empresas serem mais ágeis, inovadoras e preparadas para os desafios do mercado digital.
Quando bem planejada, a nuvem oferece escalabilidade, segurança, redução de custos e suporte para inovação contínua.